02 de Junho de 2016

Ideologia de Gênero e a Defesa da Família

O que você faria se descobrisse que seu filho(a), neto(a) ou sobrinho(a) estivesse aprendendo na escola que menino não nasce menino e menina não nasce menina? E se eles estiverem sendo ensinados a considerar a sexualidade como uma mera opção – uma escolha? E se os tentassem convencer de que não existem apenas dois gêneros (masculino e feminino), mas uma diversidade inimaginável de gêneros sexuais, possíveis de serem assumidos? O que você faria?

Bem, é disto que este texto trata: de um projeto ideológico e espiritual que busca desconstruir aquilo que nos parece óbvio – Homem nasce Homem e Mulher nasce Mulher.

É certo que para nós cristãos bastaria dizer que Deus criou Homem e Mulher, e que essa condição é marcada pelo sexo de nascimento. Não obstante, há aqueles que se julgam detentores de uma nova verdade, dizendo que cada um pode constituir sua própria identidade sexual. Para justificar essa condição, criaram o conceito de “gênero sexual”, o qual, tendo inicialmente sido considerado como sinônimo de sexo (somatório de características biológicas e fisiológicas que definem homem e mulher), passou a ser definido como papéis sociais e comportamentais. Nessa perspectiva, considera-se a possibilidade de que alguém tenha nascido com o sexo masculino, mas escolha a identidade de gênero feminino, por exemplo.

Esta forma de pensar a sexualidade humana seria apenas mais uma dentre tantas ideologias que permeiam o ideário pós-moderno, se não se autoproclamasse uma verdade a ser ensinada nas escolas. A tentativa de levar a “Ideologia de Gênero” aos bancos escolares, de modo oficial, se deu através da proposta de sua inserção nos Planos de Educação (decenais) – documentos que estabeleceram metas para a Educação nos sistemas de ensino Municipal, Estadual e Federal. Por meio dos Planos de Educação (ainda em votação em algumas cidades), a Ideologia de Gênero procurou garantias de fazer-se reconhecer legítima, podendo ser então assumida e livremente desenvolvida no privilegiado espaço escolar.

Contudo, a proposta de inserção foi rejeitada na maior parte das cidades e em quase todos os Estados, tendo sido previamente rejeitada no Congresso Nacional (BRASIL, Lei nº 13.005 de 25 de Junho de 2014). Esse resultado deve-se, em parte, ao envolvimento das lideranças políticas e eclesiais cristãs, que direta ou indiretamente participaram das discussões e votações. Seria importante salientar que a aprovação da Ideologia de Gênero em alguns Planos de Educação deu-se mais por razões de inobservância, já que muitos legisladores desconsideraram a pluralidade de sentidos da palavra “gênero”.

Diante do que poderia ser considerada uma grande vitória, é reconhecido o esforço para mantê-la no cenário público e educacional. Ancorada politicamente, economicamente e intelectualmente em poderosos suportes internacionais (universidades, grandes empresas, figuras públicas mundiais, redes de comunicação, órgãos governamentais, etc.), a Ideologia de Gênero, que antes subsistia de modo subliminar, pode ser hoje explicitamente observada – quase sempre associada ao contexto infanto-juvenil.

Documentários que mostram crianças sendo educadas em “gênero neutro”; filmes e novelas onde os pais incentivam os filhos a optarem livremente por uma “identidade sexual”; desenhos infantis que ensinam que não há qualquer diferença entre meninos e meninas, entre as roupas próprias de um e de outro, entre seus brinquedos e suas brincadeiras; livros didáticos que apresentam um quadro de diversidade sexual e um precoce (e infundado) direito de escolha. Por todos esses exemplos, parece ser clara a presença de um movimento organizado disposto a desconstruir não apenas aquilo que julgamos bíblico – que Homem nasce Homem e Mulher nasce Mulher – mas que é também histórico, lógico, moral, biológico e científico.

Teologicamente, ao refletirmos sobre a Ideologia de Gênero, não estamos apenas versando sobre um fato isolado no contexto político-educacional, mas observando uma manobra espiritual em curso: a tentativa de desconstruir um dos pilares essenciais da família bíblica e tradicional – isto é, o reconhecimento de que Deus criou Homem e Mulher, constituindo-os a base fundamental das famílias humanas. Esta perspectiva não apenas afronta o projeto criador (Gn 1,27), mas põe em risco a perpetuação, a natureza e a estrutura (social, emocional, moral, espiritual, psicológica, etc.) da Família.

Marcada pelo propósito divino, a Família, assim como a Igreja, sofre a mesma oposição satânica. Historicamente, a própria família adâmica padeceu com o embate diabólico, sofrendo baixas. Hoje, a ilusão da pacificidade, como se os inimigos de Deus houvessem desistido, parece ser o engodo perfeito para um caminho de derrota; motivo pelo qual permanecemos vigilantes – “não ignorando os desígnios de Satanás” (2 Cor. 2.11).

De nossa parte, penso que devemos considerar a responsabilidade que nos cerca. O futuro da família – e consequentemente o da Igreja – está ameaçado. Reconhecendo que “as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus” (2 Cor 10.4-5), somos convidados a defender a Família. Esta luta não é contra pessoas, mas contra as esferas espirituais (Ef. 6.12). Uma tomada de posição é necessária: Homem e Mulher não podem ser tratados como meros conceitos ideológicos. Deus os criou... “Macho e Fêmea os criou”.